● goza ophelia entre ●
● abertos os ●
● olhos ●
● cada ondulação vi ●
● trea da agua e ●
● entre vida e ●
● morte se des ●
● ata e solta ●
● segue a cor ●
● rente ate a ●
● argila fina ●
● raiz de lotus ●
● volta a tona e ●
● agora sonha ●

*Alberto Lins Caldas*

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Remorso Póstumo * Charles Baudelaire







Remorso Póstumo

Quando fores dormir, ó bela tenebrosa
Em fundo de uma cripta em mármore lavrada
Quando tiveres só por alcova e morada
O vazio abismal de carneira chuvosa;


Quando a pedra, a oprimir tua fronte medrosa
E teus flancos a arfar de exaustão encantada,
Mudar teu coração numa furna calada
Amarrando-te os pés na rota aventurosa,


A tumba, confidente do sonho infinito
(Pois toda a vida a tumba há de entender o poeta),
Pela noite imortal de que o sono é prescrito,


Te dirá: "De que serve, hetaira incompleta,
Não teres conhecido o que choram os mortos?"
E os vermes te roerão assim como os remorsos.

Charles Baudelaire


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